Carlos Gustavo Yoda

jornalista = comunicador de redes

Arquivo para jornalismo

Jornalismo cultural e cidadania digital

Cultura e Mercado desta semana recebe mais uma brilhante colaboração no debate acerca do jornalismo cultural. Sergio Amadeu trata da cidadania digital e a sua relação com a imprensa. “A articulação de pessoas para as práticas colaborativas cria nuvens abertas de acesso e conexão, que se desdobra em fenômenos de solidariedade ciberespacial e que estão recolocando a cidadania no cenário digital”, afirma.Sociólogo e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, Amadeu é professor da pós -graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero e militante do movimento de Software Livre.

Esteve na gestão de Lula, na Casa Civil, desenvolvendo um projeto de software livre para o governo federal.Em novembro, no Fórum Internacional – Mídia, Poder e Democracia, Amadeu já havia tratado dessa questão, onde coloca para o jornalismo uma nova perspectiva para além do profissional. O jornalista percebe-se o que ele sempre foi: um comunicador de redes. E o digital proporciona a liberdade do novo espaço público.O blog do autor é atualizado constantemente com novidades sobre tecnologia, comunicação, cultura, educação, mídia e outras coisas interessantes do universo digital. Vale acompanhar o feed.

Na I Oficina Itinerante de Jornalismo Cultural, no Intercom 2007, José Barbosa entrevistou o sociólogo, sobre as ofensivas dos criadores de softwares proprietários contra a liberdade dos usuários da web. “A obsessão pelo lucro da Microsoft levou-a a criar um formato no qual pretende transformar no padrão mundial, o OpenXml. Militantes contra esse monopólio defendem a utilização do ODF, Open Document Format, que possibilitaria sua utilização em qualquer plataforma de gerenciamento”. Assista à entrevista em vídeo no Youtube.

O próximo artigo da série Jornalismo Cultural em Pauta tratará da tendência de reduzir a literatura em segmentos de mercado. O leitor deixa de existir em detrimento da lógica do consumo.

Confira também:
 O JORNALISMO CULTURAL CONTRA A COMUNICAÇÃO – DAISI VOGEL

JORNALISMO CULTURAL COMO EXERCÍCIO CRÍTICO – CÉLIA MOTA

JORNALISMO E CULTURA: UMA PAUTA A SER RECRIADA – ANGELITA LIMA

JORNALISMO CULTURAL: CAMPO DE PRODUÇÃO E PRÁTICA PROFISSIONAL – ELIANE FÁTIMA CORTI BASSO 

“Hello world!” (ou sobre a opinião pública publicada)

A mensagem das boas-vindas não vem de mim. Não saiu da minha cabeça. Mas já veio publicada. Aproprio-me do recado do cérebro eletrônico: “Welcome to WordPress.com. This is your first post. Edit or delete it and start blogging!“. Todo cuidado é pouco, mas entendi que seria desperdício deixar aquela mensagem xoxa como a minha primeira carta ao mundo. Portanto, edito.

Não é a minha primeira carta, mas é minha primeira experiência consciente do uso do blog para outras propostas além da construção de um veículo. Outros sonhos e imagens e conexões me fazem acreditar que essa era digital que se populariza permite a livre apropriação da sociedade ao direito à comunicação, fundamental para a diversidade cultural.

Imagino que o assunto deveria ser há tempos a pauta e a prática daqueles que carregam o discurso democrático, na radicalização de seus propósitos, de participação da sociedade. No entanto, as vozes da democracia insistem no distanciamento das massas de gente do poder de voz, por medo, e com a fabricação do medo, interpretado como respeito.

O homem caranguejo de hoje sai da ribeira para namorar no parque de diversões da grande rede. Seu sonho é a ilusão. A mesma que nos contamina. A mesma dos malucos pretos todos fardados que bateram em outros pretos, quase brancos. Mas que são pretos. Todos pretos quanto aqueles da Fundação Casa de Jorge Amado, na reitoria da Universidade Federal da Bahia, que recepcionam a todos como estrangeiros na Pelô.

São os mesmos que não estavam no Fórum Internacional: Mídia, Poder e Democracia. Afinal, de qual democracia estamos falando? A minha? eu, branco, homem, paulistano, jornalista? Não poderia ser sem me questionar, e sem ser questionado. Represento a opinião pública publicada. E não quero representar ninguém, cada um conta a sua história.

Para isso o blogue, a ponte que me conecta com o outro. O outro, o desconhecido. O outro conectado, e a luta pelo direito à comunicação, a expressão. A descoberta, o contar de histórias de minha vida jornalismo, que não se desliga de minha vida militante, do marido amante, um transeunte fazedor dos dias em que faremos contato.